terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desenvolvimento Territorial e Economia

Hugo Roth Cardoso - Trainee/SEBRAE/NA
hugo.cardoso@sebrae.com.br

Diferenciar crescimento de desenvolvimento econômico é importante fator para a geração das estratégias de desenvolvimento territorial. Ferramentas e soluções de mercado são importante instrumento neste processo, pois não apenas organizam os esforços direcionados para determinado fim como também conferem utilidade e uso imediato para os resultados atingidos.

De posse do conhecimento acumulado acerca de Desenvolvimento Territorial, que observa a integração de um grupo de lideranças locais e a identificação das vocações locais antes de desenvolver as estratégias para seu desenvolvimento na forma mais ampla, que integre o capital humano, natural, intelectual, cultural, social e político presente no território, de forma a empoderá-los para a geração de um ciclo virtuoso de desenvolvimento, atentar para o lado financeiro destes projetos também é relevante, pois também constitui um dos fatores de mobilização dos empresários.

Focar apenas no aspecto financeiro também não gera sustentabilidade para o projeto, pois a presença das lideranças locais e sua constante capacitação é a chave para manter mobilizados os demais atores e agregar participantes locais e regionais ao projeto, além de credenciar o projeto para que articule junte a atores extra-regionais estratégias de desenvolvimento para o território em questão.

A experiência do SEBRAE em projetos de Desenvolvimento Territorial apresenta resultados distintos, cuja aplicação de diferentes soluções permitiu a mudança do patamar gerencial das empresas e o alcance de novos mercados, tanto local quanto nacionalmente, contabilizando ainda empresas que conseguirem acesso ao mercado externo. O uso destas soluções de mercado, no entanto, deve atentar em primeiro lugar para os interesses dos empresários atendidos. A construção dos objetivos do projeto deve ocorrer de forma coletiva, para manter o interesse dos empresários atendidos no cumprimento das metas de gestão.

As formas de ativação da economia local são diversas e abordam desde a conscientização da importância de uma mentalidade compre localmente até a articulação junto a empresas e órgãos públicos para regulamentação de dispositivo que favoreça a MPE nos processos licitatórios. O SEBRAE apresenta, em seu conjunto de projetos disponíveis para a MPE, diversas soluções e alternativas que podem apoiar este processo de desenvolvimento. Algumas das soluções estão relacionadas com inovação e tecnologia dos produtos, como a obtenção de títulos de propriedade intelectual e o desenvolvimento de embalagens mais modernas para os produtos. Alternativas e soluções de canais de comercialização também se fazem presentes, como a aplicação de diagnósticos relacionados à ferramenta Comércio Brasil ou o uso da Bolsa de Negócios. Para aquelas empresas que estejam se posicionamento no mercado apresenta-se também o Click Marketing, ferramenta virtual e gratuita que auxilia na consolidação de um plano de marketing para a empresa.

Outras soluções SEBRAE prestam-se ainda ao desenvolvimento territorial com foco econômico, como a promoção de formas de diferenciação dos produtos valorizando aspectos distintivos do território de origem. Este processo relaciona-se ainda com o aprimoramento das relações entre o território e a economia, tornando a cultura local um valor tangível para o mercado.

O aprimoramento desta relação entre o território e o mercado é fator de desenvolvimento que também retém as pessoas no território, pois gera nestas perspectivas de crescimento sem que precisem desbravar novas localidades, contribuindo assim para diminuir o fluxo emigratório destes territórios. Sabendo que os projetos de Desenvolvimento Territorial englobam grande quantidade de territórios rurais com baixo IDH, ativar a economia local é também fator de atração dos jovens, que passam a observar em sua própria terra de origem oportunidades de crescimento profissional antes vislumbradas apenas em territórios urbanos.

Reconhecer que o mercado não é a última epopéia para os projetos de desenvolvimento, porém parte necessária e constituinte deste processo, é fundamental enquanto estrutura capaz de gerar riqueza e projetar as empresas de determinado território em círculos econômicos cada vez maiores, ligando cada região a elos econômicos mais fortes, o que por conseqüência fortalece a estrutura de todo o sistema econômico.
Para saber mais acesse o texto completo clicando aqui (já editado para impresão de duas folhas por página).

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

EMPRESAS GUIADAS POR IDÉIAS

COMO AS MELHORES EMPRESAS CONSEGUEM RECEBER UM EXTRAORDINÁRIO NÚMERO DE IDÉIAS DOS SEUS COLABORADORES LINHA DE FRENTE

Por Talita Gemina - Trainee - SEBRAE/NA

Em 02/12 aconteceu na Empresa BRASILATA um encontro inovador. Antonio Carlos Texeira Álvares, CEO da empresa, reuniu dois dos maiores pesquisadores dos temas inovação e produtividade no mundo, Alan Robinson (professor da University of Massachusetts) e Dean M. Schroeder (professor da Valparaiso University), para compartilhar o sucesso do Projeto Simplificação.
Segundo os estudiosos, a Brasilata é líder mundial no ranking das empresas inovadoras com a média de 185 idéias por pessoa no ano. Por isso, a importância em observar essa experiência.
A palestra aconteceu durante a tarde, sendo dividida em três principais momentos, os quais serão relatados abaixo:
1) INOVAÇÃO A PARTIR DE TODAS AS PESSOAS E LUGARES
Essa primeira parte foi feita pelo CEO da empresa, Antônio Carlos Texeira Álvares, que se preocupou, primeiramente em conceituar a palavra inovação.
Resumidamente, disse que inovação é a nova idéia que obteve sucesso. Ou seja, idéias não implementadas e/ou implementadas sem sucesso não podem ser chamadas de inovação. Para ele, uma excelente conceituação foi a dada pela empresa 3M: “inovação é uma nova idéia que, implementada, traz resultados”.
O palestrante ainda dividiu a inovação em duas categorias. A primeira é a Inovação Radical que dá surgimento a uma nova indústria ou muda a base de um processo já existente.
Essa Inovação Radical deve trazer grandes resultados, mas isso nem sempre tem a ver com grandes tecnologias. Como exemplo, falou da Southwest Airlines que trouxe um novo conceito de transporte aéreo que a permitiu competir com empresas de ônibus; e, ainda, a Starbucks que descobriu uma nova maneira de vender café sem utilização de grandes tecnologias. No entanto, ambas as empresas mudaram radicalmente a base de processos já existentes trazendo resultados relevantes.
A segunda categoria é a Inovação Incremental. Essa inovação tem como características ser pequena e valorizar a cultura de mudança. Alguns autores dizem que as duas inovações seriam “inimigas”, porém isso não é verdade, pois suas observações mostraram que são grandes aliadas. Por isso afirmou: “Não é, necessariamente, dinheiro e cientistas que trazem inovação”. Para exemplificar, citou grandes empresas que avançaram devido inovações na gestão:
• Apple – nova forma de tarifar músicas (Ipod).
• Google – várias pessoas pagando pequenas quantias.
• CEMEX – empresa de cimento no México que inovou ao garantir entrega em 30min em uma cidade com caos no trânsito (criou uma rede de betoneiras). Além de criar o cimento vendido com crédito bancário.
“What do they have in common?” (o que essas empresas têm em comum?) Todas estimulam o intra empreendedorismo; ou seja, todos os colaboradores estão envolvidos na inovação .
A Brasilata está entre essas organizações inovadores graças ao seu Projeto Simplificação que a colocou como primeira no mercado doméstico e primeira no setor de tintas. Esse ano, recebeu o 10o lugar como uma das empresas mais inovadoras do Brasil pela A.T. Kearney Research.
Seus funcionários são chamados de inventores desde de 2002 .
2) IDEAS ARE FREE (Idéias são de Graça):
Palestrantes: Alan Robinson e Dean Schroeder
Segundo Alan, a Brasilata é um dos melhores sistemas de inovação vistos no mundo. Devido ao fato, os professores procuraram a empresa para conhecer melhor o Projeto Simplificação.
Inicialmente, foi mostrado algumas características que uma estrutura de inovação tem:
a. Percepção que as pessoas da linha de frente vêem coisas que os gestores não conseguem ver.
- Pesquisas mostram que 80% das idéias que uma empresa precisa ter para crescer de um ponto A para um ponto mais elevado B está na cabeça das pessoas da linha de frente, e os outros 20% está na cabeça dos gerentes e/ou alta direção. Porém, deve-se lembrar que esses dois grupos são dependentes entre si.
- Alguns exemplos foram dados sobre a necessidade de prestar atenção ao operacional da empresa:
Em 2009, na Coca Cola, um milhão de reais veio dos projetos da alta gestão e um milhão veio da gerência o que nos dá 17% do resultado anual. Portanto, os 83% restantes (9 milhões) vieram do sistema de idéias.
- Algumas empresas nos U.S.A, na época de crise, viram a necessidade de se economizar 7 milhões de dólares. Mas, como? O planejamento era para economizar 6 milhões provindos de idéias da alta gestão e 1 milhão da linha de frente. O que ocorreu realmente, foi que 5.9 milhões vieram de idéias da linha de frente e 1.1 milhão da alta gestão.
b. Percepção que não é apenas os gerentes que dominam as boas idéias.
c. Respeito pelo que outras empresas tem feito. Processo de Aprendizado deve ser no sentido de descobrir o porquê de estar dando certo algo e “copiar” moldando à sua organização.
O palestrante deu alguns exemplos de empresas que tem essa estrutura, World Class Ideas Systems:
- Boardroom Inc. (2 idéias por pessoa por semana); Gulfstream; BRASILATA (cada pessoa dá, em media, 185 idéias por ano – primeiro lugar); Clarion Hotel Stockholm; Toyota; Milliken, entre outras.
Vale a pena procurar saber um pouquinho de cada uma, lembrando que esse sistema não é uma caixa de sugestões (estrutura muito antiga e que não funciona) e que a fonte da vantagem competitiva não é custo ou qualidade, mas sim a criatividade de sua organização.
Segundo a FILOSOFIA TOYOTA, pode-se dizer que a organização é como um navio e os inventores são como as águas. Abaixo das águas, existem as rochas que são os problemas. Assim, quando as rochas tornam-se visíveis deve haver o sistema de idéias para resolver os problemas e aumentar a quantidade das águas.
Outro ponto importante dessa segunda parte, liderada por Alan, foi sobre o porquê a empresa deve ir em busca de pequenas idéias. Existem alguns importantes pontos a serem observados:
- Ponto1: as pequenas idéias se orientam para os detalhes.
- Ponto2: pequenas idéias são fáceis de serem implementadas (pouca resistência, custo e tempo).
- Ponto3: Grandes idéias são fáceis de imitar, mas as pequenas parecem “invisíveis” aos concorrentes. Torna-se ainda mais difícil para chineses e países da Ásia imitarem as pequenas idéias, pois vai contra a sua cultura dar atenção aos funcionários da linha de frente.
Em um momento, comandado por Dean, foi lançada a pergunta: Por que pessoas trazem idéias? Algumas respostas podem ser colocadas nesse tópico, como a possibilidade de fazer o trabalho ficar mais fácil, ser reconhecido e, até, ganhar mais dinheiro.
Assim, depois de um brainstorm entre os participantes da palestra, concordou-se que um dos primeiros motivos é de tornar o trabalho mais fácil, seguido pela necessidade de ser reconhecido entre chefe e colegas.
Aqui vale lembrar de um tópico discutido: o reconhecimento por meio de premiação. Dean acredita que deve-se ter muito cuidado ao premiar os criativos. Para ele, isso deve ser feito, mas lembrando que a “inovação é o trabalho de todos” (CEO da whilrpool). Ou seja, para premiar é necessário que todos recebam, deve-se criar uma recompensa coletiva; pois, se o sistema se basear em recompensa individual, terá um problema maior no futuro.
Lembre-se que idéias são difíceis de quantificar. A empresa não pode entrar nesse jogo, por isso o ideal é que a inovação seja uma cultura organizacional e não uma meta temporária.
Na construção dessa cultura, segundo Dean, tem-se como um dos primeiros passos o treinamento dos supervisores. Esses têm que ser os primeiros a aprender a dar valor às idéias, eles têm a responsabilidade de encorajar os funcionários da linha de frente.
E o que fazer com as más idéias? Estas não devem ser vistas como um inimigo que deve ser morto e esquecido. As “más idéias” são oportunidades para a empresa observar as lacunas existentes em treinamentos, capacitações e processos. Então, veja o problema e estimule soluções.
Deve-se entender também que há como aprender a ser mais criativo. Dean falou sobre Leonardo da Vinci quem, há muitos anos atrás, em seus escritos, dizia que seu modo de ser mais e mais criativo era manter sempre às mãos um caderno de anotações para escrever coisas sobre as quais queria pensar mais atentamente.
A partir desse exemplo, Dean e Alan, disseram que o 1o passo para tornar-se mais criativo seria: Keep a Journal! Ou seja, mantenha um caderno de anotações para escrever tudo que quer lembrar depois – seu cérebro não é um computador!
OBS.: Temos apenas 2h para lembrar o que aconteceu. Logo, se não escrevermos esqueceremos de partes importantes dos nossos dias e experiências. Somos criativos quando conectamos as coisas que ninguém conectou antes. Quanto mais conectamos o que passa a nossa volta, mais criativos seremos.
3) PERGUNTAS
Após o momento da palestra, abriu-se espaço para perguntas e debates onde foi exposto exemplos interessantes da própria BRASILATA e respondidas dúvidas dos participantes.
Entre as perguntas posso destacar uma que é muito corrente: Como calcular o valor financeiro das idéias, seu custo-benefício?
o Apesar de algumas empresas japonesas terem calculado, chegando a conclusão de que a cada $1,00 (um dólar) gasto para executar a boa idéia economiza-se $5,00 (5 dólares), deve-se lembrar que, se cada idéia for analisada e quantificada se tornará um processo burocrático e demorado. Isso desestimulará qualquer “inventor”.
o Texeira foi enfático ao dizer que “Calcular retorno de pequenas idéias é perda de tempo”. Mas, se a idéia for de altíssimo custo, deixa de ser uma pequena idéia e passa a compor um projeto de investimento.
o Alan colocou ainda que isso seria o que chamam de ILUSION OF CONTROL (ilusão de controle da alta gestão): não há como se quantificar perfeitamente as idéias.
Aqui, encerra-se a palestra deixando a frase do CEO da Brasilata, professor Teixeira, que disse: “O PROJETO É A ALMA DA EMPRESA, É NOSSO JEITO DE COMPETIR”. Portanto, assim como as pesquisas para aumentar a qualidade são necessárias, apesar de seu alto custo, o Projeto Simplificação é necessário para competir sem medo de fácil imitação.